“Por que o Flamengo tornou-se o clube mais amado do Brasil? Porque o Flamengo se deixa amar à vontade”. A máxima é de Mario Filho, que, com certa poesia, explica o motivo de tanta gente ser Flamengo.
Mas não existe apenas um motivo, existem várias histórias. E tudo começa com os jovens remadores que fundam um grupo de regatas. O objetivo era, antes de mais nada, se divertir e ser feliz. Nos primeiros anos, as vitórias não vieram, mas o espírito e a alegria dos nossos fundadores começaram a ganhar adeptos. Mais tarde, na primeira década do século XX, a própria sede clube virou local de moradia de atletas e sócios.
Veio o futebol e, em seu início, os treinos eram na rua do Russel, à vista e ao lado de todos. Não havia muros entre torcida e atletas. Naquele tempo, o time rubro-negro também foi embaixador do clube. No início de 1916, já tinha feito vitoriosas excursões encantando o público no Paraná (1914) e no Pará (1915). Nesta última, ao voltar, os jogadores foram recebidos por uma multidão no Cais Pharoux (onde, hoje, é a Praça XV).
Com ídolos importantes em vários esportes (com Arnaldo Voigt, no remo, e Ulysses Malaguti, no atletismo) e com o crescimento do futebol no país, além da participação de sócios e do clube em grandes eventos da cidade, como o Carnaval, a torcida só crescia.
Em janeiro de 1928, surge a alcunha: “o Mais Querido”. Em uma disputada votação popular promovida pelo Jornal do Brasil em parceria com a água mineral Salutaris, o Flamengo foi o mais votado. A Taça Salutaris é um orgulho rubro-negro e está no nosso Museu.
Nos anos 1930, feitos heroicos, como a Travessia a remo Rio-Santos, agitaram a torcida e movimentaram a cidade – até mesmo o país. Nesta década, o presidente rubro-negro José Bastos Padilha mostrou o que era visão: trouxe Fausto, a Maravilha Negra, Domingos da Guia e Leônidas da Silva, os maiores craques populares do país, para jogar com o Manto Sagrado.
Muito se fala sobre o papel do rádio no crescimento da torcida do Flamengo. Mas como explicar que todos os clubes eram irradiados, porém era o Flamengo o escolhido do povo em todo Brasil? Naquele início da popularização das rádios, o time de futebol rubro-negro enfrentava um jejum de títulos. Mas os craques estavam aqui e grandes rubro-negros, como Ary Barroso, mostravam o que era amar uma agremiação.
A formação da torcida do Flamengo passa por tudo isso, passa por pessoas, como Jayme de Carvalho, que com a Charanga inventou a maneira brasileira de torcer. Por músicos, como Wilson Baptista, (mais tarde Jorge Ben Jor, Moraes Moreira, entre outros), por escritores como José Lins do Rego e Mario Filho.
Décadas passaram, títulos vieram e, acima de tudo, ídolos se acumularam: Zizinho, Valido, Rubens, Evaristo, Dida, Almir Pernambuquinho, Silva, Doval, Zico, Junior, Leandro, Sávio, Romário, Júlio César, Ronaldinho Gaúcho, até o fantástico time de 2019… A torcida crescia cada vez mais – e seguimos crescendo.
Em 1973, o Flamengo ganha novamente o título de “o Mais Querido” em um concurso nacional organizado pela revista Placar. A partir dali, e durante muitos anos, a torcida Flamante levou ao estádio a histórica faixa com os dizeres “O Mais Querido do Brasil”. A taça oferecida pela revista se encontra na sede da Gávea, ao lado da entrada Da Rua Gilberto Cardoso.
Muitos ainda vão tentar explicar a popularidade do Flamengo por causa da televisão, mas antes disso a torcida do Flamengo já era descrita nas pesquisas como a maior do país. A TV serviu para levar para mais perto uma paixão já existente nos mais diversos cantos.
Magnética, Nação, 12º jogador… Que torcida é essa? É a torcida que ganha jogo!
Hoje o Flamengo tem mais de 48 milhões de torcedores que formam uma Nação de apaixonados: a Maior Torcida do Mundo.